lunes, 7 de octubre de 2013

“Monumento às Bandeiras homenageia aqueles que nos massacaram”, diz liderança indígena

Em carta, Marcos Tupã, coordenador da Comissão Guarani Yvyrupá, responde às críticas sobre a intervenção em escultura ao lado do Parque Ibirapuera, em São Paulo
Da Redação

 

Nesta semana, a obra do escultor ítalo-brasileiro Victor Brecheret recebeu tintas vermelhas, em um protesto realizado por índios do estado contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que retira do governo federal a autonomia da demarcação de terras, transferindo para o Congresso Nacional. O monumento, inaugurado em 1953, presta uma homenagem aos bandeirantes, responsáveis pelo assassinato de índios, nos séculos 17 e 18. Leia abaixo a carta de Marcos Tupã:

Monumento à resistência do povo guarani

Para nós, povos indígenas, a pintura não é uma agressão ao corpo, mas uma forma de transformá-lo. Nós, da Comissão Guarani Yvyrupa, organização política autônoma que articula o povo guarani no sul e sudeste do país, realizamos no último dia 02 de outubro, na Av. Paulista, a maior manifestação indígena que já ocorreu em São Paulo desde a Confederação dos Tamoios. Mais de quatro mil pessoas ocuparam a Av. Paulista, sendo cerca de quinhentas delas dos nossos parentes, outros duzentos de comunidades quilombolas e mais de três mil apoiadores não-indígenas, que viram a força e a beleza do nosso movimento. Muitos meios de comunicação, porém, preferiram noticiar nossa manifestação como se tivesse sido uma depredação de algo que os brancos consideram ser uma obra de arte e um patrimônio público.

Saindo da Av. Paulista, marchamos em direção a essa estátua de pedra, chamada de Monumento às Bandeiras, que homenageia aqueles que nos massacraram no passado. Lá subimos com nossas faixas, e hasteamos um pano vermelho que representa o sangue dos nossos antepassados, que foi derramado pelos bandeirantes, dos quais os brancos parecem ter tanto orgulho. Alguns apoiadores não-indígenas entenderam a força do nosso ato simbólico, e pintaram com tinta vermelha o monumento. Apesar da crítica de alguns, as imagens publicadas nos jornais falam por si só: com esse gesto, eles nos ajudaram a transformar o corpo dessa obra ao menos por um dia. Ela deixou de ser pedra e sangrou. Deixou de ser um monumento em homenagem aos genocidas que dizimaram nosso povo e transformou-se em um monumento à nossa resistência. 

Ocupado por nossos guerreiros xondaro, por nossas mulheres e crianças, esse novo monumento tornou viva a bonita e sofrida história de nosso povo, dando um grito a todos que queiram ouvir: que cesse de uma vez por todas o derramamento de sangue indígena no país! Foi apenas nesse momento que esta estátua tornou-se um verdadeiro patrimônio público, pois deixou de servir apenas ao simbolismo colonizador das elites para dar voz a nós indígenas, que somos a parcela originária da sociedade brasileira. Foi com a mesma intensão simbólica que travamos na semana passada a Rodovia dos Bandeirantes, que além de ter impactado nossa Terra Indígena no Jaraguá, ainda leva o nome dos assassinos.

A tinta vermelha que para alguns de vocês é depredação já foi limpa e o monumento já voltou a pintar como heróis, os genocidas do nosso povo. Infelizmente, porém, sabemos que os massacres que ocorreram no passado contra nosso povo e que continuam a ocorrer no presente não terminaram com esse ato simbólico e não irão cessar tão logo. Nossos parentes continuam esquecidos na beira das estradas no Rio Grande do Sul. No Mato Grosso do Sul e no Oeste do Paraná continuam sendo cotidianamente ameaçados e assassinados a mando de políticos ruralistas que, com a conivência silenciosa do Estado, roubam as terras e a dignidade dos que sobreviveram aos ataques dos bandeirantes. Também em São Paulo esse massacre continua, e perto de vocês, vivemos confinados em terras minúsculas, sem condições mínimas de sobrevivência. Isso sim é vandalismo.

Ficamos muito tristes com a reação de alguns que acham que a homenagem a esses genocidas é uma obra de arte, e que vale mais que as nossas vidas. Como pode essa estátua ser considerada patrimônio de todos, se homenageia o genocídio daqueles que fazem parte da sociedade brasileira e de sua vida pública? Que tipo de sociedade realiza tributos a genocidas diante de seus sobreviventes? Apenas aquelas que continuam a praticá-lo no presente. Esse monumento para nós representa a morte. E para nós, arte é a outra coisa. Ela não serve para contemplar pedras, mas para transformar corpos e espíritos. Para nós, arte é o corpo transformado em vida e liberdade e foi isso que se realizou nessa intervenção.

Aguyjevete pra todos que lutam!

Marcos dos Santos Tupã, 43, é liderança indígena e Coordenador Tenondé da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY). 



Un continente con las manos sucias de Chevrón


 La mano empapada de brea del presidente de Ecuador Rafael Correa, es una síntesis del desastre ambiental llevado adelante en la Amazonía por la multinacional Texaco-Chevrón, que venía siendo denunciado desde hace mas de 20 años por los movimientos populares de ese país.

Desde la Articulación Continental de Movimientos Sociales hacia el ALBA nos sumamos a la campaña #LaManoSuciaDeChevron contra la petrolera estadounidense que fue sentenciada en 2012 por la Justicia ecuatoriana a pagar una indemnización de 19 mil millones de dólares por haber afectado la flora, fauna, aire, agua y la salud de 30 mil miembros de cinco nacionalidades indígenas y de campesinos de las provincias de Sucumbíos y Orellana. A pesar de haber sido encontrada culpable por la Justicia ecuatoriana la empresa estadounidense se niega a pagar.

Los movimientos populares del continente llamamos a boicotear los productos de Chevron, en rechazo a los intentos de la empresa petrolera de evadir su responsabilidad por la contaminación petrolera en la cuenca amazónica.

Desde 1993, que el pueblo ecuatoriano viene denunciando el desastre ambiental que generaba la petrolera en su territorio. Ese año en nombre de unos 30.000 habitantes de la zona, en su mayoría indígenas, un grupo de ciudadanos presentó una demanda privada en Nueva York por la contaminación y afectación a la salud. Durante la década del 90, Chevron buscó bloquear el juicio, argumentando que éste debía presentarse en Ecuador ya que consideraba que la corte ecuatoriana sería más fácil de manipular. Finalmente logró su propósito y el juez de Nueva York desistió de conocer el caso pero dijo que Chevrón debía aceptar el veredicto de la corte ecuatoriana, y un nuevo juicio fue planteado en Lago Agrio.

En 2011 y 2012, luego de casi dos décadas de litigios, el veredicto de Lago Agrio  fue que la empresa debe pagar cerca de 19 mil millones de dólares para limpiar la zona afectada y prestar servicios de salud y agua potable a sus habitantes. Pero la multinacional se niega a acatarlo y ha emprendido nuevas acciones legales para tratar de bloquear la aplicación del fallo, junto con la campaña de desprestigio al gobierno, a la corte, y a los demandantes y sus abogados.

En Ecuador hay unas mil piscinas que Texaco, empresa que en 2001 se fusionó con Chevrón, dejó abiertas, o mal tapadas y sin sellar. Durante los 26 años que duró su explotación petrolera en la selva amazónica, se estima que vertió unos 18 mil millones de galones de agua contaminada con petróleo, que sigue filtrándose en la tierra o se derrama durante los aguaceros, además de otros 17 millones de galones de petróleo derramados en accidentes.
Nuestra tierra, los ríos y arroyos fueron filtrados con elementos tóxicos, contaminando el agua que usábamos para nuestra vida diaria, devastando la vida silvestre y afectando nuestra producción agropecuaria.
¡Boicot a Chevrón! ¡Basta de saqueo!
¡Por soberanía sobre nuestros territorios!
¡Por la autodeterminación de los pueblos!
¡Fuera las trasnacionales de nuestro continente!


Articulación continental de Movimientos Sociales hacia el ALBA